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Resenha | Joyland, de Stephen King



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No verão de 1973, o universitário Devin Jones arruma um emprego temporário num parque de diversões chamado “Joyland”, buscando acumular dinheiro e curar seu recente coração partido. Devin acaba descobrindo que, no passado, o parque foi palco da morte de uma jovem pelas mãos de um temido serial-killer que nunca foi capturado. Com a ajuda de seus amigos, e de um garotinho de saúde frágil, porém muito especial, Devin descobrirá que o crime não está completamente adormecido.
Para explicar melhor, o livro é ambientando na década de 70 e parques de diversão nessa época eram um máximo. Os parques itinerantes estavam por toda parte e a pequena cidade chamada Heaven’s Bay, tinha seu próprio parque, o Joyland. Diferentemente dos parques enormes, como o Disney World, que começavam a fazer sucesso naquela época, o lema deste parque era vender diversão. Eu adorei ele, em vários momentos da narrativa me peguei andando pelo parque e vivenciando a história. Além disso o cuidado de King ao descrever os funcionários do parque e o vocabulário próprio (Bobs eram os clientes, por exemplo) e o parque em si, com todos os seus elementos, como “garotas de Hollywood”, cuja função era andar por aí com vestidinhos verdes e salto alto enquanto carregavam uma máquina fotográfica na mão para tirar fotos do pessoal do parque e vendê-las.

Mas Joyland não era comum, como todo parque que se preze, tinha um trem fantasma e todos diziam que ele era mesmo assombrado. Linda Gray foi friamente assassinada há quatro anos por seu suposto namorado dentro da Horror House. Apesar de possuírem fotos do assassino, ele nunca foi identificado, pois usava óculos escuros, cavanhaque e boné para esconder seu rosto. O único detalhe do assassino que chamava atenção era uma tatuagem de pássaro em uma das mãos. Muitos funcionários do parque alegavam já ter visto a menina parada ao lado do trilho com a mesma roupa que usava no dia em que foi assassinada. Abaixo tem um mapa lindo de Joyland, feito por Susan Hunt Yule.



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Com esse background chegamos a Devin, até então com 21 anos, que trabalhava na mesma universidade onde estudava. Porém no verão de 1973 ele consegue um emprego em Joyland após ser deixado por sua namorada, Wendy. Dev integra a equipe como Ajudante Feliz, ou seja, um faz tudo com tarefas que vão desde limpar a bagunça dos Bobs, até se fantasiar de cão Howie, o mascote de Joyland.

Dev não tinha muita perspectiva para o verão, com o coração partido, ele não parava de pensar na ex-namorada. Apesar disso, ele se dá bem com o trabalho, até mesmo vestir a fantasia se tornou uma tarefa que ele gostava de fazer. Ele definitivamente tinha a aura de parque, como muitos funcionários diziam. Mas o que ele não esperava era ouvir rumores sobre a garota morta que assombrava o trem fantasma. Ele acaba ficando obcecado com a história e decide que quer ver o fantasma de qualquer forma.

E como se isso não fosse suficiente, Madame Fortuna (uma das funcionárias do parque) faz previsões estranhas sobre o futuro de Dev. Todos esses elementos, interligados, nos levam a uma história muito mais complexa do que apenas uma história de fantasmas, cada personagem tem seu papel na trama e isso é incrível. Joyland é aquele tipo de livro que você já lê pensando que resolveu o mistério, mas que na verdade não é nada do que você imaginava.

A história de King é envolvente do começo ao fim, intercalada entre momentos de mistério, melancolia e comédia. Narrada por Dev, a descrição tanto dos personagens quanto do ambiente é simplesmente impecável. Quanto ao personagem principal, é muito interessante ver o amadurecimento dele e as descobertas que esse amadurecimento traz. O personagem aprende a lidar com sentimentos complicados e passa a entender melhor a morte e o amor, vivenciando-os de forma muito intensa, mesmo que por pouco tempo.
“(…) Alguns dias são preciosos. Aquele foi um dos meus, e, quando estou triste, quando a vida me dá uma rasteira e tudo parece ruim e sem graça, como a Joyland Avenue em um dia chuvoso, eu volto a ele, ao mesmo para lembrar a mim mesmo que a vida nem sempre arranca nosso couro. Às vezes, ela oferece verdadeiros prêmios. Às vezes, são preciosos.”
A escrita de King está tão diferente nesse livro, que se eu tivesse lido sem saber quem era o autor, não diria que era dele. A única característica familiar aqui é o humor ácido/negro sempre presente nos personagens dele. Aqui ele faz uma abordagem diferente, não se engane, não é um livro de terror. Num livro que destaca a amizade, a solidariedade, o heroísmo e amor, King nos presenteia com frases e pensamentos profundos e cheios de sentimentalismo. E isso tudo com um background com elementos sobrenaturais e um serial killer que deixa todos de boca aberta. 

A capa da Suma das Letras é maravilhosa, representando uma Garota de Hollywood, e os capítulos são separados por corações, King estava um fofo nesse livro. Além disso o livro é relativamente curto, com apenas 240 páginas. Se você está com vontade de devorar um livro todo de uma vez, só para descobrir o destino dos personagens, então Joyland é perfeito para você.
A experiência de se mudar para Heaven’s Bay e trabalhar em Joyland mudou a vida de Devin. Mas um pequeno conselho: não se aventure na roda-gigante em uma noite chuvosa.

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