Não é uma história de fantasmas. É uma história, que tem fantasmas nela. |
A Colina Escarlate foi um dos nomes mais aguardados de 2015, toda essa expectativa decorrente é claro do roteiro de Guillermo del Toro, um dos maiores diretores cineastras de todos os tempos. Você deve estar confuso, afinal a resenha é sobre o filme ou livro? A questão é que não faz muita diferença: o livro é uma transposição do roteiro, escrita por Nancy Holder, autora que já publicou mais de oitenta livros e mais de cem contos, muitos deles baseados em Buffy, a caça-vampiros e Angel . Ou seja, nada mais é do que a reprodução do filme em forma de livro e sendo assim, nem uma linha de diálogo foi alterada.
A história se passa no século XIX e acompanha Edith Cushing, uma jovem aspirante a escritora que perdeu sua mãe ainda nova e, por isso, mora com o seu pai, Carter Cushing, em Nova York. Tanto a morte de sua mãe quanto o que viria a acontecer depois moldam a história da personagem de uma maneira irreversível. Três semanas depois da tragédia, Edith é confrontada por um fantasma — o de sua própria mãe. Mesmo após tanto tempo a jovem ainda se lembra daquela noite: a mão decomposta em seu ombro e um recado que só viria a fazer sentido muito tarde.
Enquanto isso, Thomas (Tom Hiddleston, a.k.a. o crush de todos nós) e Lucille Sharpe (Jessica Chastain) são irmãos que vem da Inglaterra para os EUA atrás do financiamento dos empresários da região, que inclui o pai de Edith. O desenrolar da história faz com que Edith e Thomas se apaixonem, apesar da desaprovação do pai.
Fica aqui meu protesto: Edith começou a história muito bem, uma mulher a frente de seu tempo que tinha resposta para tudo. Em uma das cenas, onde é a mãe de seu melhor amigo, Allan, diz que ela provavelmente seria Jane Austen e morreria solteira, Edith responde que preferiria ser Mary Shelley e morrer viúva. Isso até Thomas Sharpe aparecer e o encantador baronete transformá-la numa completa idiota. Mas tudo bem, é o Tom Hiddleston.
Um elemento muito interessante da história é o livro que Edith escreve, uma história que parece andar paralela à sua própria. Ela inclusive descreve os fantasmas de seu livro como uma metáfora para o passado, e enquanto seu editor pede a ela que desenvolva um romance em meio a eles (o que soa bem sexista, já que ele sugere isso só por ela ser mulher), ela se perde em seu amor por Sharpe.
Por fim, uma série de reviravoltas faz com que a jovem escritora, Thomas e sua irmã passem a morar juntos em Allerdale Hall, uma mansão sombria localizada no alto da Colina Escarlate. Preciso dizer que a casa por si só é um personagem a parte. A riqueza de detalhes me deixou de boca aberta, mesmo para Guilhermo del Toro o cenário impressiona. A casa respira, literalmente.
Obs.: Imagem bônus, porque vocês merecem ver a beleza dessa mansão por dentro, mesmo que caindo aos pedaços.
Não vou falar muito mais sobre o enredo, tudo a partir daqui entregaria demais o final da história e não quero ser eu a pessoa a acabar com o encanto de assistir ou ler A Colina Escarlate pela primeira vez. Basta dizer que, como em uma peça shakespeareana, os amor pode ser mortal.
No livro, a narrativa em terceira pessoa se torna extremamente envolvente e nada nunca fica sem explicação. Apesar de um bastante descritiva, a escrita não se perde, tudo continua objetivo e claro. A trama envolve drama, suspense, fantasia e romance, e cabe ao leitor escolher qual desses pontos o agrada mais.
Já no filme, com o visual espetacular e uma atmosfera tão pesada que chega a ser palpável, A Colina Escarlate é uma história que encanta do início ao fim. Cada elemento é como um personagem: cenários sombrios, figurinos esvoaçantes, a trilha sonora do piano de Lucille e as atuações espetaculares (exceto talvez por Mia Wasikowska, que não me pareceu nada diferente da Alice de Tim Burton).
Essa produção pode não ser de fato um filme de terror, mas com certeza supera muitos dos filmes atuais e seu ritmo frenético. A Colina Escarlate é lento e agradável, assim como o tecido esvoaçante das roupas de Edith. O personagem de Tom Hiddleston explica que uma valsa só é bem dançada se o par carregar consigo uma vela e a chama não se apagar durante os movimentos que devem ser sempre suaves, e essa história consegue dançar diante de nossos olhos sem que a chama se apague por todo seu desenrolar.
Se ainda ficou na dúvida quanto a assistir/ler, confira o trailer:
“Quando chegar a hora, tenha cuidado com a Colina Escarlate…”.
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