Editora: Dame Blanche | Ano: 2016 | Páginas: 45 | Categoria: Fantasia
Sinopse: Flores não crescem do nada - ou crescem? Para Eleanor, era o mistério que não conseguia responder: qual era o truque daquele jardineiro contratado para cuidar da estufa em sua casa e que transformara o lugar em uma floresta imaginária. Sebastian, o tal estranho, parece um homem como qualquer outro - exceto pelas perguntas desconcertantes que faz, ou pelo fato de que as plantas obedecem seus comandos de maneira muito intrigante…
A Casa de Vidro é a primeira noveleta a ser publicada pela Anna Fagundes em português, autora que já teve alguns de seus textos lidos na Radio BBC World e publicados em revistas como a britânica “Litro”, e também a primeira publicação da Dame Blanche. Para mostrarem a que vieram e também comemorarem o lançamento da editora, as damas resolveram presentear os leitores com esta edição!
A editora nasceu a partir da obsessão por literatura de Clara, autora de A Toca das Fadas e Especial Natalino – ambos contos que eu mesma resenhei aqui no blog, e Anna, a autora de A Casa de Vidro. E como todo escritor também tem seu lado leitor, nas palavras das próprias damas, as duas sempre sonharam em publicar as coisas que gostariam de ler.
A editora publica noveletas, novelas e romances do gênero especulativo (aceitamos também livros de contos, mas preferimos nos focar nos já citados). Nós queremos boas histórias. Nós também queremos diversidade: vozes negras, asiáticas, lésbicas, gays, bissexuais, transsexuais, genderfluid, etc. Queremos protagonistas que nos surpreendam, que nos cativem, que mostrem todo o potencial da ficção fantástica. Queremos feministas, heroínas que não esperem por um herói que as salve. Estamos à procura de talentos como Charlie Jane Anders, Nnedi Okorafor, Seanan McGuire, Maria Dahvana Hadley, Kat Howard, Helen Oyeyemi, Ken Liu, N. K. Jemisin.
Existem alguns motivos para apostar na Editora Dame Blanche, mas os principais são: primeiro, ela vai ser a casa de livros de ficção especulativa, algo que nós amamos; e segundo porque ela promete ser um ar fresco em meio a um mercado editorial tão cheio de vícios como é o brasileiro.
O curto texto de apenas cerca de 50 páginas é narrado em terceira pessoa e possui capítulos intercalados entre os anos de 1868 e 1910. Assim, acompanhamos a história de Eleanor parte em sua adolescência e parte em sua vida adulta.
Ao receber a visita de uma jovem chamada que parece ter um certo dom para jardinagem, Eleanor é levada a se lembrar de Sebastian, um peculiar jardineiro que trabalhou para seu pai durante sua juventude. O jeito divertido e misterioso do rapaz logo fez com que ele atraísse a atenção dos outros funcionários da casa, além da própria Eleanor.
Afinal, além de sua estranha inocência diante das regras daquela sociedade, o rapaz também era reconhecido por seu dom com as plantas e animais, que criaram a beleza inigualável d’ A Casa de Vidro, a estufa construída pelo pai de Eleanor.
Como eu imagino a grande Casa de Vidro |
Apesar de se passar em um passado relativamente distante, a linguagem utilizada nos diálogos é simples e coerente. O que faz com que a leitura seja ainda mais fluída, por isso levei apenas uma hora para ler o conto completo. Pouca gente acredita que seja possível desenvolver bem os personagens de uma noveleta, justamente por elas serem relativamente curtas. Porém Anna consegue fazer isso majestosamente: em um enredo que possui início, meio e fim, a autora também conseguiu com que todos os personagens apresentassem profundidade e conquistassem o leitor. É impossível acabar de ler sem se apaixonar por Eleanor e Sebastian.
E, seguindo o que foi prometido na capa, temos cenários com uma riqueza imensurável de descrição de detalhes. Nesse momento eu posso jurar que senti o cheiro daquelas flores e visualizei todas as suas cores vibrantes, tenho memórias vívidas daquele cenário, mesmo sem nunca tendo estado em nenhum local minimamente parecido. E é assim que se reconhece uma história bem escrita.
Na leitura encontrei apenas um ou dois errinhos de revisão, algo perdoável para a primeira publicação de uma editora, principalmente se tratando de um e-book. Nada que atrapalhe a continuidade da leitura e nem mesmo o seu ritmo. Não preciso nem dizer que já estou louca para ler mais textos da Anna, não é mesmo?
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